Domingo no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o poeta e escritor de Dourados (MS), Marcos Coelho, com A música e o entalhar na poesia...
A música e o entalhar na poesia...
Marcos Coelho
O dedilhar nas teclas do piano,
Cada nota meu pranto,
Cada tom branco e preto do meu passado,
Desbotada fotografia,
Álbum desfigurado,
Alma rota,
Opera sombria,
Aspecto e espectro de alguma alma
Que um dia se disse humana,
Espectro de homem
Ambíguo macho ou fêmea,
O distúrbio,
O conturbado espaço celestial,
No turbilhão e no torvelinho da tempestade,
O som estridente de Poseidon,
O oceano bravio,
As ondas revoltas,
As conchas aos estilhaços,
As areias do fundo do mar a mostra,
Os peixes sumiram...
Onde a valsa e o salão, aonde o castelo?
A guerra e as explosões,
O medo e as contusões,
Os roxos na pele, as ulcerações,
Os ossos latejam,
Os antigos canhões,
As intervenções armadas,
O pavor nos olhos,
O amor nos escolhos,
Os escombros de um amor indesejado,
Tudo em conflito,
Duas ou mais vozes dentro de si,
O conturbado balé,
No tablado em pedaços,
Os navios destroçados no fundo do mar,
No fundo do mar os tesouros,
Os ouros, os entalhes, os detalhes,
As louçarias, as pratarias,
Os jantares não concretizados,
Os paladares não atendidos,
Quem se refugiou no continente?
A doce e maviosa voz de sereia,
O delta do Nilo,
O mistério do Egito,
O olhar de Hórus,
O pensar de Penélope,
A íris do olhar do artista,
O pintar com pincel a tela à óleo,
Cada cor e cada tom,
Cada pincelada um sentimento,
A eternidade no tempo,
O sentimento em movimento,
O movimento eterno gravado na arte,
A arte e a palavra,
O teu toque suave em minha mão a deslizar,
O suor da minha testa,
A descer devagar no contorno do meu rosto,
O segredo,
O tempo,
O sentimento,
A velha máquina ouço cada palavra,
Imagino cada cenário,
Cada cenário em cada estação,
Grafo ali os sentimentos e o movimentos,
Convexos e desconexos,
Os ângulos e o segredos,
Por detrás de cada palavra,
O lirismo da entrada,
O lirismo do desabrochar dessa flor delicada,
Cada pétala é página de um sonho,
Sem escrita digo tudo,
Sem escrever uma só palavra,
A imagem pela palavra traduz tudo,
Ao som mudo digo toda minha sinfonia,
A música de todas as almas,
Nessa orquestra infinda de talentos,
Os sentimentos acordados num só entoar,
A mesma música coletiva em cada tom.
O poeta é o maestro e o cantor,
Os sentimentos vêm dos corações
Que andam livres e presos nas passarelas,
A cada pedalar do pedal da máquina de versos,
Costuro estrelas, sidéreos, sois e luas,
Amores e amantes,
Sinto-os, provoco-os, instigo-os,
O amor é a provocação,
Talento é compor em palavras:
expressões e sentimentos
que exaltam-se à performance do lírico.
Com isso tudo a harmonia,
Em cada nota, o tocar da tecla, POESIA.
O dedilhar nas teclas do piano,
Cada nota meu pranto,
Cada tom branco e preto do meu passado,
Desbotada fotografia,
Álbum desfigurado,
Alma rota,
Opera sombria,
Aspecto e espectro de alguma alma
Que um dia se disse humana,
Espectro de homem
Ambíguo macho ou fêmea,
O distúrbio,
O conturbado espaço celestial,
No turbilhão e no torvelinho da tempestade,
O som estridente de Poseidon,
O oceano bravio,
As ondas revoltas,
As conchas aos estilhaços,
As areias do fundo do mar a mostra,
Os peixes sumiram...
Onde a valsa e o salão, aonde o castelo?
A guerra e as explosões,
O medo e as contusões,
Os roxos na pele, as ulcerações,
Os ossos latejam,
Os antigos canhões,
As intervenções armadas,
O pavor nos olhos,
O amor nos escolhos,
Os escombros de um amor indesejado,
Tudo em conflito,
Duas ou mais vozes dentro de si,
O conturbado balé,
No tablado em pedaços,
Os navios destroçados no fundo do mar,
No fundo do mar os tesouros,
Os ouros, os entalhes, os detalhes,
As louçarias, as pratarias,
Os jantares não concretizados,
Os paladares não atendidos,
Quem se refugiou no continente?
A doce e maviosa voz de sereia,
O delta do Nilo,
O mistério do Egito,
O olhar de Hórus,
O pensar de Penélope,
A íris do olhar do artista,
O pintar com pincel a tela à óleo,
Cada cor e cada tom,
Cada pincelada um sentimento,
A eternidade no tempo,
O sentimento em movimento,
O movimento eterno gravado na arte,
A arte e a palavra,
O teu toque suave em minha mão a deslizar,
O suor da minha testa,
A descer devagar no contorno do meu rosto,
O segredo,
O tempo,
O sentimento,
A velha máquina ouço cada palavra,
Imagino cada cenário,
Cada cenário em cada estação,
Grafo ali os sentimentos e o movimentos,
Convexos e desconexos,
Os ângulos e o segredos,
Por detrás de cada palavra,
O lirismo da entrada,
O lirismo do desabrochar dessa flor delicada,
Cada pétala é página de um sonho,
Sem escrita digo tudo,
Sem escrever uma só palavra,
A imagem pela palavra traduz tudo,
Ao som mudo digo toda minha sinfonia,
A música de todas as almas,
Nessa orquestra infinda de talentos,
Os sentimentos acordados num só entoar,
A mesma música coletiva em cada tom.
O poeta é o maestro e o cantor,
Os sentimentos vêm dos corações
Que andam livres e presos nas passarelas,
A cada pedalar do pedal da máquina de versos,
Costuro estrelas, sidéreos, sois e luas,
Amores e amantes,
Sinto-os, provoco-os, instigo-os,
O amor é a provocação,
Talento é compor em palavras:
expressões e sentimentos
que exaltam-se à performance do lírico.
Com isso tudo a harmonia,
Em cada nota, o tocar da tecla, POESIA.
Ricardo
Um poema que poderia ser 'musicado'... Como na letra de uma música, palavras que vão e vem... O poeta aqui faz-nos viajar em tantos campos, em tantas emoções... 'sentimentos ( e pensamentos ) em movimento'. Parabéns, grande poeta, Marcos Coelho!