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Poesia - Fantasia de Poesia, por Isaac Ramos

  • Foto do escritor: Alex Fraga
    Alex Fraga
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

Segunda-feira de carnaval é dia de poesia no Blog do Alex Fraga com o professor universitário, poeta e escritor de Alto Araguaia (MT), Isaac Ramos com o poema "Fantasia de poesia".


FANTASIA DE POESIA

(Isaac Ramos)


Se comeres ou beberes poesia

O poema brota em folia

Gosto de ouvir o silêncio dos olhos

Gosto do batuque suave dos cílios

Gosto do compasso das palavras

E da solidão erótica das sílabas

Que trespassam como serpentina

No imaginário bloco de estrofes.


Há verdades nuas e sentidas

Em toda a fantasia de um poeta

Há veredas totalmente sem guarida

Como o dedilhar da lira da tua pele

Há um alterar de suspiros

Quando passa a comissão de frente

Há um aumento do batimento cardíaco

Diante do balanço e rebolar dos versos

Há uma imensidão de samba, suor e cerveja

Nos corpos que festejam Deonísio em lampejos.


Há um aumento no consumo

Do banho de lua e da saliva umedecida

Quase nuas mulatas, loiras e morenas

São erguidas nos carros alegóricos do poema

Vorazes acenam e jogam beijos

Com o intuito de provocar paixões meteóricas

Mas, na verdade, enleios à parte

Gozam apenas momentos de Vênus.


No chão da avenida, passistas requebram

Em busca dos olhos jurados do etéreo

Afinal é Carnaval

É tempo de pular, soltar o verbo

E dar outros sinais que satisfaçam a libido poética.


Poesia, melhor tirar tua fantasia

Não sem antes curtir a alegoria

Do gosto de vinho que trago na boca

Quero que tires tua roupa e se vista com meu poema

Meu poema quer preencher todas suas nuances

Saciar o apetite voraz de folia

E com desejo no pé percorrer tuas avenidas.


Quero sentir o tamborilar dos teus dedos

E me embeber em teus ritmos

Suspiros naturais de sons nasais

Quero marcar algumas consoantes

Mas que a sonoridade continue frugal

Poesia, corpo suado em imensidões

Faça de mim teu leitor pierrô.


E no compasso de espera do teu espasmo

Alimento a fome do poema

Para que não falte a cerveja

Para que tenha, ao menos, um cálice de vinho

E de sobremesa, poesia

Por favor, sirva-me um petit gateau.

 
 
 

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