Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de poesia com o advogado, poeta, escritor e presidente do Instituto AGWA, Nelson Araújo Filho, com "Vãos".
VÃOS
*livro Pantanais de Areia - pág 95
A encontrei pela tarde,
Por entre frestas,
Como dobras, algumas.
Havia também os rastros
Impressos pelos ventos de julho.
Abri a sala.
Levou-me em seus braços
Por esses, parece, que sem fins
De águas.
Do nosso encontro,
Disse-lhe: chão aqui é de dureza!
Não acolhe o toque
E nem teus dedos tímidos.
A tarde é apenas um segundo.
Escoou rápida e densa
Pelos vãos.
- Esses teus foram um deles!
Não foi ela certeza,
Nem promessa.
Ainda tenho comigo
As tardes, as baias,
Ainda sem os mosquitos.
Todas.
Relembrando, percebo
Não mais soltei tuas mãos.
Sempre muito bom ler você Nelson Araújo Filho.
Carlos Alberto Pereira
Campo Grande MS
Imagine que você está construindo um castelo de areia na praia. De repente, um buraco se abre na areia, deixando passar a luz do sol. Esse buraco é como um vão: um espaço vazio que permite que algo novo apareça. No poema "Vãos", o poeta Nelson Araújo Filho usa essa palavra para falar sobre o amor. Ele compara o amor a um desses buracos na areia, um espaço que se abre de repente e nos surpreende. É como se a gente encontrasse uma pessoa especial de uma forma inesperada, como se ela tivesse surgido do nada, em um "vão" da nossa vida. O título em si já nos instiga: "Vãos" remete a espaços vazios, a brechas, a intervalos. A metáfora…
Um dos poemas mais lindo que já li neste Blog.
Cristina Pereira Vaz - Curitiba - Paraná