Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão com a professora universitária, historiadora, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com seu "Diário de uma Idosa 253".
A FOICE...
Estou com algum achaque. E não sei precisar onde. Não está dentro do corpo, nem dentro da alma. Creio, que está alojado no vão entre o corpo e a alma. Sinto, como se fosse um véu cor de caqui, não forte, mas desbotado. Esse véuzinho fica a adornar e a cobrir uma dor esquisita, um friozinho que não é frio, e de vez enquanto dou um soluço, um suspiro forte que quase arranca os bofes, me sinto adoentada sem estar dentada dentro de doença. E depois o respirar fica curtinho, o coração cambaleia e bate fraquinho, bem fraquinho, fica tremilicando. E de outra feita bate desesperado bem ligeiro. Sinto um sono que dorme fora do sono e uma fome que come o vazio. Sinceramente, alguma coisa acontece quando miro a Ipiranga e a Avenida São João. Acho, que ando vendo uma senhora de meias fumê, vestido preto, decote grande, chapéu com plumas, luvas de cetim e batom carmim...Queres beijar- me. Só que ainda não conseguiu atravessar a fina neblina que cobre a floresta que me protege. Òké arô arolé!
(Joana Prado Medeiros - 20/01/25 - Direitos Autorais Lei 9.610/98)
Um texto primoroso.
Lúcio de Assunção - Dourados MS