Reflexão - Diário de uma Idosa 264, por Joana Prado Medeiros
- Alex Fraga
- 9 de abr.
- 1 min de leitura

Quarta-feira no Blog do Alex Fraga é dia de texto de reflexão com a escritora e poeta de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com o seu Diário de Uma Idosa 264.-
DO ENLUTADO LUTO...
Luto. Houve um tempo que eu respirava sarcófagos. Houve um tempo de cabo de guarda-chuva quebrado. Os olhos apagados em lembranças e o sorriso parado na janela, mãos fechadas nas grades de ferrugens e dor. Houve um tempo grande, imenso, feito o deserto de Atacama. Por sete anos de pastor Jacob servia e por sete anos eu (des)servia. Por sete anos roupas desconhecidas me vestiram, luas solitárias me iluminaram, estrelas vazias me chamaram. Isolamento de si ruminando opacos chinelos. Em terra quente caminhei, também sob a chuva fina e frio trilhei. De vez enquanto um vislumbre de vida aparecia na casa coberta de silêncio. De quando em vez um relâmpago aparecia. Houve um tempo que perdi todos os perdidos que já havia perdido...O meu eu (des)publicou e eu não sabia onde colocar as mãos, nem o que fazer quando recebia um amigo...Raramente, mui raramente um amigo apareceu...Cem anos de solidão explodiu feito catapora deixou sequelas dentro de mim, cinquenta tons de quilos perdi só o couro e osso fiquei. Agora, sou passarinho debaixo da soleira da porta aberta, aguardo a chuva de meteoros. De olhos cumpridos tento (vi)ver.
( Joana Prado Medeiros - 08/04/2025 - Direitos Autorais Lei 9.610/98)
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