Texto de reflexão desta quarta-feira no Blog do Alex Fraga da historiadora, professora universitária, poeta e escritora de Dourados (MS), Joana Prado Medeiros, com o seu "Diário de uma Idosa 78".
Sinto um assombro sem medida uma espécie de medo que não sei definir perpassa feito agulha quente sem linha a costurar o hoje no amanhã que não chegou é como um relâmpago que risca o céu de um dia sem acordar. Sinto um faustio como se estivesse até as tampas de um nada feito ressaca imprevista e sem gosto sem cheiro sem som e vista. Velhos costumes desabrigados velhos jeitos sem jeito nu está sem argola e sem cabide, algo que não espreita nada e nada traduz como um fio seco na relva verde sem sentir o frescor nos pés...Recorro aos devaneios mas estes estão sofrendo de bulimia. Parece que a coragem que ontem vestiu trem bala hoje acordou carroça...Que a luta de luta lutou até enlutar na boca quente de pés cansados exauridos hirtos no terreno da vida...Respiração curta de bochechas caídas olhos desarriados... Ventre sem sela mãos tecendo o dia benzendo o sol e a lua pra mode parar o tempo...Quem dera a vida fosse toalha bordada no varal da harmonia...Quem dera os acontecimentos não tivesse mentos de sustos e dores...E a confiança fosse um fio de ouro que liga o céu e a terra...Por onde a voz que transmite medo voltasse simultaneamente transmutada em coragem. E o eu fosse envolto em um casulo dourado e ficasse livre pós grandes sustos por uma longa temporada de novos pavores. Até o casulo arrebentar e abandonar-se de novo à vida...Sem medo...Que o pavor que marcou feito ferro em brasa formasse na pele somente o símbolo do infinito e nada mais.
(Joana Prado Medeiros - 14/11/2021) É Pandemia !
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